A música feita por A.I. (Artistas Incapazes)

Dizem que a inteligência artificial veio para revolucionar a música. E de facto, revolucionou: agora qualquer artista com crises de identidade pode cuspir uma música digna de se ouvir... na casa de banho.

Os “artistas do silício" não dormem, não comem e, claro, não sentem cansaço — o que explica perfeitamente a expressividade emocional das suas obras: igual à de um micro-ondas a aquecer sopa. É música feita por algoritmos que nunca tiveram uma desilusão amorosa, nunca apanharam chuva num concerto e nunca ficaram sem dinheiro para cordas — mas sabem misturar 300 estilos e chamar-lhe “inspiração”.

O pior é que há quem oiça uma bosta gerada por A.I. e diga: “Uau, isto é tão profundo!” E quando se lhes pede uma explicação, lá vem o discurso de artista (que fala muito mas diz nada): “a música é um diálogo que explora a intersecção da humanidade com a tecnologia”. Pois, a intersecção é um ficheiro temporário que o servidor apagará amanhã.

No fundo, “A.I.” devia significar outra coisa: Artistas Incapazes. Incapazes de falhar com estilo, de errar com alma, de criar com vida. Mas vá, deixemos o computador compôr. Afinal, alguém tem de fazer a música que ninguém quer comprar.

Quem viu o filme AI de Steven Spielberg, sabe que os robots humanoides  eram desprezados pela sociedade, precisamente porque tentavam parecer-se com humanos. O que vai acontecer é que música feita por IA vai virar lixo, e não tarda nada será desprezada precisamente pela mesma razão, porque parece que é mas não é. Num futuro muito próximo esta música será descredibilizada, desprezada, e até motivo de chacota e piadas. E os músicos apanhados a "falsificar" serão ridicularizados!

Em alguns países a legislação já começa a apertar o cerco à música feita por IA, com a obrigação de por exemplo colocação de rotulagem obrigatória em conteúdos gerados por IA.
E que "músicos" vão querer ter um selo IA colado na capa do seu disco?

É só uma questão de tempo... e de legislação!

Sei de malta que por incapacidade ou preguiça, nunca tocou originais, mas agora andam a pedir à IA para fazer temas e depois tocam-nos ao vivo como se fossem criações suas.
Mas que lata! Onde está a ética nisto? Isto tem um nome - chama-se fraude e é punível por lei.
A legislaçao para este e outros abusos à custa da IA demora a chegar... e enqunato não chega de repente somos invadidos por "génios" da criação musical!

O que vai acontecer é que música feita por IA vai virar lixo, e não tarda nada será desprezada precisamente pela mesma razão, porque parece que é mas não é. 


 

Por ser lixo, o Spotify eliminou do seu catálogo 75 milhões de músicas feitas por IA. Um relatório estima que existam aproximadamente entre 97 a 230 milhões de canções gravadas e catalogadas mundialmente, ou seja o equivalente a 32% de toda a musica existente no mundo. E todo este lixo foi criado só ao longo do último ano...

Na lei ainda não existe um enquadramente específico para este casos, mas existem cláusulas  que se podem aplicar a este procedimento:

Artigo 11.º da Lei 9.610/98 está definido que “autor” é “pessoa física” que criou a obra.

Artigo 217.º – Burla
1. Quem, com intenção de obter para si ou para terceiro um enriquecimento ilegítimo, por meio de erro ou engano sobre factos que astuciosamente provocou,... é punido com pena de prisão até 5 anos ou multa até 600 dias. Aqui pode enquadrar-se:
 

• Artifício fraudulento: afirmar ser autor sabendo que não é.
• Erro: público, júri ou contratante acreditam que é criação dele.
• Vantagem ilícita: fama, dinheiro, contratos.
• Prejuízo: outros concorrentes, produtores ou o público são enganados.